O longo período da pandemia desde o início de 2020 até os dias atuais, acompanhado pelas incertezas quanto à sua eliminação, trouxe complexidades inimagináveis para o estudo dos deslocamentos no Brasil e no mundo. De repente, as mobilidades foram proibidas e interrompidas entre regiões e nações, enquanto o vírus circulava cada vez mais rápido.
Ainda há muito a estudar sobre as marcas da presença feminina na imigração em São Paulo; no caso dos portugueses, o processo configura-se complexo, pois Portugal, até a década de 1970, constituía-se como metrópole colonial. Assim, as imigrantes de origem portuguesa não eram provenientes dos mesmos territórios quando vieram para São Paulo: consideramos as memórias de imigrantes de origem portuguesa provenientes de dois fluxos ocorridos na segunda metade do século XX, as vindas de Portugal e as vindas da África. Tomamos como referência as narrativas de mulheres que vieram de Portugal, de Moçambique e de Angola, todas que se identificavam como portuguesas, mas com vivências e memórias múltiplas, pois se criaram e educaram em contextos sociais muito diversos. Observamos que essas meninas e mulheres carregaram, para onde foram, as marcas da educação tradicional portuguesa, pois em seus deslocamentos o modelo geralmente seguido pela família foi o da subalternidade das mulheres. Mas a vinda para São Paulo trouxe novas necessidades às famílias e aos filhos, implicando maior inserção das mulheres no campo do trabalho, formal ou informal, assim como transformações nos vários espaços de vivência, embora para algumas isso significasse perdas de "modos de vida" que consideravam melhores. Ao analisar as narrativas das imigrantes portuguesas e as subjetividades desses relatos, observamos que o tempo pode permitir a abordagem de temas que seriam "proibidos" no momento em que foram vivenciados. Suas vozes muitas vezes só puderam ser "ouvidas" pelos pesquisadores quando a experiência da travessia não doía mais tanto
In the 1970s & 1980s, migratory flows of Portuguese & luso-Africans from old Portuguese African colonies towards to Sao Paulo were the result of the pressures of difficult & complex African & Portuguese politics. Three very different cultural experiences were in play: that of the portuguese colony, the african context, & the Brazilian character of the destination, Sao Paulo. This paper explores the migrant's complex displacement experiences, the insertion of the migrant into the new context & the conflicts of identity that this migratory process entailed. We concentrate on the recent past, which has not been extensively researched. We use a method we call 'summarized life-histories', which seemed appropriate, as we didn't know what the immigrants would tell us. We present a number of specific cases to exemplify our analysis. Through them, we can see that memories refer to events, people & places from the three continents, through the conscious & unconscious construction of multiple identities.
Este trabalho analisa duas publicações de Histórias em Quadrinhos editadas no Brasil com a finalidade de celebrar o centenário da Imigração Japonesa em nosso país. O objetivo é mostrar que as histórias em quadrinhos podem oferecer uma contribuição significativa não apenas ao movimento permanente de formação de leitores, mas também ao processo de constituição cidadã na perspectiva do diálogo entre culturas diferentes, no caso as culturas brasileira e japonesa. Para tanto, traça um esboço histórico da imigração japonesa no Brasil, evidenciando, à luz das ciências sociais, os principais momentos deste processo e os resultados manifestos socialmente a partir do encontro das duas culturas. Em seguida mostra como as histórias em quadrinhos, até pouco tempo atrás tidas como perniciosas aos processos educativos, se constituem numa interessante linguagem imagética que se faz nas fronteiras da arte, da comunicação e da educação. Com essa base, realizou–se uma análise das duas histórias em quadrinhos selecionadas, ambas publicadas em 2008. A primeira: "BANZAI! História da imigração japonesa no Brasil em Mangá", de autoria de Francisco Noriuyki Sato e Julio Shimamoto. A segunda: "FRONT – Especial 1 – Centenário da Imigração Japonesa", com a participação de um grande grupo de autores, roteiristas e desenhistas. A análise é feita na perspectiva da história cultural e dos recursos da linguagem dos quadrinhos, evidenciando as narrativas sequenciais que tomaram por base os registros históricos, a memória e a ficção. Conclui–se apontando que os quadrinhos produzidos são importantes artefatos culturais que, por sua riqueza imagética e informacional, prestam–se, como recurso pedagógico a: 1. registrar e destacar a imigração japonesa no contexto da reconstrução da história do Brasil; 2. contribuir para o processo de formação de cidadãos para dialogar considerando as diversidades na construção de uma sociedade com maior capacidade de criar solidariedade e beleza.
A proposta de abordar os desafios enfrentados no campo da educação no Brasil pretendia dar continuidade às discussões que a mesma exige de cientistas sociais e educadores em virtude da precariedade do atendimento ainda disponibilizado à população e também dos resultados muito aquém do desejado com relação à educação de crianças e jovens.
Experiences, processes and constellations of exile, flight, and persecution have deeply shaped global history and are still widespread aspects of human existence today. People are persecuted, incarcerated, tortured or deported on the basis of their political beliefs, gender, ethnic or ethno-national belonging, religious affiliation, and other socio-political categories. People flee or are displaced in the context of collective violence such as wars, rebellions, coups, environmental disasters or armed conflicts. After migrating, but not exclusively in this context, people find themselves suddenly isolated, cut off from their networks of belonging, their biographical projects and their collective histories. The articles in this volume are concerned with the challenges of navigating through multiple paradoxes and contradictions when it comes to grasping these phenomena sociologically, on the levels of self-reflection, theorizing, and especially doing empirical research.